MIA 2015 - Apontamentos prévios - V

Pedimos a alguns dos participantes da presente edição (e das anteriores) do MIA que partilhassem connosco as suas impressões sobre o Encontro. O resultado foi este belíssimo conjunto de pequenos textos que segue abaixo, onde se mostram as expectativas e testemunhos dos músicos. Obrigado a todos!


Rosendo J. Rocha:
Maquinistas de club librándose de la obligación de los ritmos de moda. Jazzistas descansando los estándares. Autodidactas descubriéndose a si mismos. Científicos y técnicos aproximándose a la música desde las matemáticas y la electrónica. Rockeros abriendo puertas. Músicos clásicos soltándose de las formas y la escolástica. Folkloristas trascendiendo los límites de su instrumento. Espiritualistas desnudándose de sus hábitos. Ruidistas defendiendo su naturaleza. Artistas sonoros explorando la acción colectiva. Cantantes y bailarines pudiendo ser ellos mismos. Video artistas exponiendo su sensibilidad para con la expresión sonora.
     Todo ello girando entorno a la libre improvisación, amparado en un escenario ideal, arropado por la atención los locales e impecablemente dirigido.
     ¿Alguien da más?. MIA a la una, MIA a las dos, MIA a las tres ...


Samuel Hällkvist:
Last year was the first time I visited MIA festival. I went back to record and play with Paulo Chagas in October and I’m excited to go back to this years MIA. The festival is a unique experience with improvised music non-stop for a few days. One of the things I really love about this festival is the open minded energy from the huge bunch of musicians (I believe we were 65 last time) from a wide range of musical backgrounds.


João Madeira:
O MIA é um encontro. Com os outros, mas também comigo mesmo.
No MIA os meus ouvidos exercitam a equalização do silêncio, medem a tensão arterial de uma explosão.
No MIA as minhas mãos encontram novos lugares para tocar, enquanto apalpam a claridade expressiva, o rejuvenescimento de uma língua, os sorrisos das pessoas que cantam o que pensam.
O MIA acrescenta sempre alguns centímetros à obliquidade, promete caminhos com passadas mais largas, ou promove a capacidade assertiva do teletransporte moderno. Sim o MIA é já do 2º milénio! Ou será mais ...antigo?!
No MIA os músicos ouvem mais do que tocam, e quem vai ouvir acaba também por ouvir ainda mais. (Porque um encontro de músicos ouve-se a grandes distâncias, mesmo onde não é ouvido.)
MIA é um imperativo. No MIA deve-se cantar, trautear, falar, gritar, sussurrar, exclamar, interrogar, sugerir, e também zurrar, mugir, balir, cacarejar, grunhir, zumbir, piar, rosnar, uivar, relinchar, ladrar, miar, e também                e também                              e também...


Diego Caicedo:
La primera vez que escuché sobre el MIA fué en 2012, y me enteré por via mail.  Me pareció interesante estar en un pequeño y guapo pueblo en Portugal tocando con un montón de improvisadores, así que mandé la aplicación, me aceptaron y me presenté alli. 
Fué interesante ver como se sucedía todo el encuentro, con los grupos elegidos al azar, con los conciertos organizados con antelación, y con los lazos que se van dando durante los distintos momentos del dia entre los musicos de distinas partes del mundo .  Ver como este pequeño pueblo se vuelve un centro de musicas improvisadas y cambia su estado cotidiano para dar paso a un vendaval de gente haciendo musica "rara". La experiencia de estar allí, escuchando conciertos durante 3 dias sin parar me dejó una sensación de "subir de nivel", de estar mucho mas atento a la escucha y a la musica de lo que estaba antes.  El corto tiempo que hay para las improvisaciones, lo bien o mal que puedan salir, la conexión entre los musicos que no se han visto nunca....todo hace que la concentración sea mas profunda, y eso nos hace mejores musicos, mejores inprovisadores. 
La gente es muy atenta, los musicos son muy buenos, el pueblo es guapo, la cerveza está muy bien, la comida es excelente (un pescado fabuloso!).  Dan ganas de asistir cada año a pasar un buen fin de semana de improvisación con los colegas.  Que viva el MIA!


Silvia Corda:
Il mio primo viaggio in Portogallo mi offrirà la scoperta di un luogo finora solo immaginato e l'emozione di condividere nuove esperienze musicali con tanti fantastici musicisti. Grazie agli amici di MIA, sono davvero felice di esserci!


António Manuel Ramos:
Vou participar pela terceira vez consecutiva no MIA. A partir daqui vai tornar-se um ritual, já sei que todos os anos em Maio terei de fazer a peregrinação até à Atouguia da Baleia com a mesma fé de sempre, isto é, fé no “melting pot” de boa disposição e sã camaradagem que aterra por três dias nesta pequena localidade do Oeste, e fé na música pura e dura que sai destas almas loucas e possuídas à solta neste laboratório musical que é o MIA.


Carla Genchi:
MIA: an awesome place where to meet old friends and perform new music, eat wonderful food and enjoy enthralling landscapes.


 Rui Sousa:
O MIA passou a ser para mim de há 3 anos a esta parte, um período curto do ano dedicado exclusivamente à música ou a outras músicas, sem a família, mulher ou filhos, tipo um retiro espiritual de comunhão, partilha e aprendizagem.
O conceito da música de improvisação livre para mim não é novo, tive experiências de longa duração com vários músicos desde o meio dos anos 90, mas nos primórdios de 2000 a música e os músicos mudaram, assim como eu mesmo.
Estando eu já retirado e desiludido das lides musicais há algum tempo, recebo 2 anos consecutivos o convite para participar no encontro, e à 3ª foi de vez.
Estou  mais vivo desde aí, ou pelo menos mais que outrora...  e  a viver  música  com  ela todos os dias, de novo.
O MIA tem uma atmosfera única,  muito arejada respirável e boa,  aberta, que faz jus ás personalidades dos seus organizadores, Paulo Chagas e Fernando Simões. Lamento não sentir o mesmo ar quando respirado noutros locais onde a improvisação livre acontece - “deve ser da maresia atlântica que tempera”.
O Encontro é de grande importância e singular, dinamiza localmente a região, hotelaria, restauração, cultura e património, assim mesmo  nas condições em que se realiza;  cada vez vem mais gente, de fora e de dentro.
Já que estamos no top do turismo ser  visto  como um produto turístico ou não é tudo uma questão “de carimbo” porque na vida real já se comporta como tal. Os decisores dormem.


Adriano Orrù:
After a couple of attempts this year eventually I am joining MIA. I am sure it will be a fantastic experience playing with and listen to so many interesting musicians! Viva MIA!


Mia Zabelka:
I do not understand crossover as a constructed mergence of different musical styles. Various musical genres that interest me, from classical music to free improvised and electronic music, punk, jazz to heavy metal are filtered by me, through my body. From this concentrate I can then create a new language, my very own specific way of expression. This approach enables me to communicate with musicians from a variety of musical contexts (backgrounds) and to find a common language.
In my solo work I take different avenues by performing on both acoustic and electric violins plus electronic devices to create two distinct musical languages or sound worlds. Starting from the improvisation technique of “automatic playing” that I have developed I frame my musical language on the acoustic violin from my body’s gestures, i.e. physical movement is spontaneously translated into sound. The acoustic instrument is extremely sensitive to the slightest nuances of gestural playing. I also transfer this access to the improvisation with my voice.
My musical language is generally strongly inspired by electronic music. With the electric violin and electronic devices I am able to distort the sound of the instrument to such an extent that the violin itself becomes a sound generator. This opens up entirely new ways of creating electronic sound through my haptic approach to making music, and it enables the creation of a langue of sound in its own league, a language ensconced between acoustic improvisation and experimental electronic violin music.
Story telling and sounding out archaic sound material are further vital elements of my creative work besides the development of technical skills. Based on continuously exploring sound and music as physical phenomena, for me it’s always about sounding out the limits of what is feasible when playing the violin and improvising with my voice.


Guy-Frank Pellerin:
Au Portugal, près de la ville de Peniche se trouve le village de Atouguia da Baleia. Dans l' auditorium de son conservatoire se rencontrent chaque année des musiciens venus de tout le Portugal, mais aussi d'autres pays d'Europe, et d'autres continents. Pas n'importe quels musiciens... Des musiciens improvisateurs ! Durant trois jours ils jouent ensemble dans des formations dont ils ignorent la constitution quelques secondes avant de monter sur scène, partageant leur expérience respective pour une unique fois. Se produisent également d'autres orchestres dont les musiciens se connaissent et partagent entre eux et avec le public l'inconnu. C'est bien là le propos du festival : le partage de l'inconnu. Les sons une seule fois créés seront dispersés par les vents de l' Océan atlantique, si proche.